O ano celta e o mito dos reis Carvalho e Azevinho
O ano celta é dividido em duas partes: o ano claro ou crescente – governado pelo Rei Carvalho – e o ano escuro ou decrescente – governado pelo Rei Azevinho.
Nos seis primeiros meses do ano é o Rei Carvalho, Senhor das Florestas (luz) que governa – por isso temos dias claros e longos, com sol em abundância. O Rei Carvalho é representado como um jovem forte, audacioso e corajoso, que caça a Deusa pelas florestas. A cada novo dia o sol torna-se mais forte, até o Solstício de Inverno (Yule), período em que ele se apresenta cansado, suas forças já não são as mesmas… Pela Deusa, ele trava uma batalha com o irmão gêmeo, o Rei Azevinho (escuridão), que consome o restante dessas forças. O Rei Carvalho é vencido, sendo o trono ocupado pelo Rei Azevinho. Ele é representado como um ancião, sábio e bondoso (uma versão meio “ecológica”, digamos assim, do Papai Noel!), que traz o Inverno, usa peles de animais e uma coroa de azevinho. Ambos trazem vida e morte. Quando o Sol nasce no Litha, o Rei Azevinho (Trevas) perde o trono para o irmão, o Rei Carvalho (Luz), e se retira para Caer Arianrhod para curar suas feridas, até a próxima batalha com seu gêmeo.
Apesar de inimigos mortais, os gêmeos são dois lados da mesma moeda: um não existiria sem o outro. Em algumas tradições Wicca, os irmãos são vistos como um aspecto dual do Deus-Chifrudo. No festival de Beltane (festival celta que marcava o início da primavera, celebrando a fertilidade), pico do reinado de Carvalho, ele se acasala sacrificialmente com a Grande Mãe, morre nos braços dela e é ressuscitado (Azevinho se acasala, morre e ressuscita no Lughnasad ou Lammas, festival da primeira colheita). Tal tema não é incomum em outras mitologias: Osíris, Tammuz, Dioniso, Balder e Jesus são exemplos de deuses que morrem e ressuscitam.
Rei Carvalho
Representa: expansão, crescimento
Deuses: Júpiter (deus romano da luz e do ceu), Janus, Dagda, Frey, Pan (fertilidade)
Cores: vermelho, verde, amarelo, roxo
Plantas: carvalho, visco branco
Pássaro: pisco de peito ruivo
Mitos associados: Robin Hood, Rei Arthur, Gawain (quando ele se encontra com o Cavaleiro Verde), Jesus, Balder, Homem Verde
Rei Azevinho
Representa: lições, vida, repouso, abstinência
Deuses: Saturno (deus romano da agricultura), Cronos (deus grego também conhecido como Pai Tempo), Pai Gelo/Avô Geada (deus russo do inverno), Odin/Wotan (deus escandinavo/teutônico que dirige pelo ceu num cavalo de 8 patas), O Tomte (espírito noruegues da terra, conhecido por presentear as crianças nessa época do ano), Thor (deus escandinavo que dirige pelo ceu com bodes)
Cores: vermelho, verde, dourado, preto
Planta: azevinho
Pássaro: carriça
Mitos associados: Papai Noel (em todas as suas variantes), Cavaleiro Verde das lendas arthurianas, Mordred (que derrotou Arthur), São João, Rei Milho, Bran o abençoado
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Obs.: Este é um texto da minha bloguete e colaboradora Aurora; o primeiro de muitos diga-se de passagem. Haverá uma categoria só para o texto de bloguetes e colaboradores. Se você é um fã de mitologia, contos e lendas, ou uma bloguete ou apenas um fã do blog, mande o seu texto também. Talvez ele seja publicado.
Na verdade ha um equivoco nesta matéria. Na época do solstício de inversino, é o rei do carvalho que tem vitória sobre o rei do azevinho. Uma coisa que as pessoas pouco compreendem é que apesar dos dias que se seguem serem frios, é partir do auge do inverno que a luz começa a crescer e do auge do verão que a luz começa a morrer. É nos dias mais escuros que temos a esperança do retorno da luz e o solstício de inverno diz isto. É em yule, o dia mais escuro, que se celebra o nascimento do Deus Sol e é no auge do rei do Azevinho que ele perde para o Rei do Carvalho.
vou dar ciência à autora do texto 😉